O grande sonho de todo cientista é ter seu projeto inovador de pesquisa aplicado à realidade. Seja na descoberta de um novo medicamento que traga a cura para uma doença, ou um produto que solucione uma demanda existente, ou um mecanismo que transforme a vida das pessoas através de novos conhecimentos. Isso é “Pesquisa em Benefício da Humanidade”.
Este é o lema da Fundação Fernando Eduardo Lee, que mantém a missão da Ilha dos Arvoredos, rochedo localizado a 1,6 km da costa de Guarujá/SP, onde lidero um grupo de pesquisadores. Muito mais do que apenas um cartão postal da cidade, a Ilha reúne projetos ambientais e científicos e um passado muito pitoresco.
A história da Ilha dos Arvoredos, paraíso da Sustentabilidade, tem início nas décadas de 1950 e 1960 a partir do pioneirismo e do sonho de vida do engenheiro Fernando Eduardo Lee. Lá, ele desenvolveu pesquisas em energias alternativas e sustentabilidade, criou soluções arquitetônicas para torná-la autossustentável em água potável e realizou diversos experimentos em fauna e flora, transformando-a em uma verdadeira ilha encantada e um centro de estudos a céu aberto. Antes de falecer, Fernando Lee criou a Fundação que leva seu nome.
Dando sequência ao trabalho, a universidade Unaerp Guarujá, em parceria com a Fundação, vem realizando há mais de duas décadas diversas pesquisas científicas na ilha, com o objetivo de continuar o legado desse patrimônio ambiental, científico e cultural.
São estudos como o do Horto Medicinal, onde se investiga a efetividade terapêutica de plantas medicinais cultivadas neste ambiente costeiro. Outro exemplo são projetos na área de Engenharia, que analisam as estruturas arquitetônicas em concreto armado presentes na Ilha quanto à agressividade do ambiente marinho.
Experimentos com energias renováveis também tiveram a Ilha como objeto de estudo, bem como a diversidade biótica. Nos levantamentos históricos, foi possível
perceber que a experiência com uma planta originária da Mata Atlântica, a Neumarica caerulea, introduzida na Ilha para solucionar problemas de erosão, rendeu na década de 1980 a Fernando Lee o prêmio Hugh Hammond Bennet International, concedido pela organização internacional Soil Conservation Society pelo trabalho de conservação do solo.
Este palco diversificado de produção científica e de observação da Sustentabilidade na prática também me instigou. Como educadora, em minha tese de doutorado, criei um modelo de Educação Ambiental, por meio de metodologias ativas, em que a Ilha dos Arvoredos é o cenário propício para o processo de ensino-aprendizagem sobre novas atitudes ambientais. Pois a interação com a Ilha e contato com toda essa dinâmica ambiental certamente impacta e se torna uma experiência única e transformadora na vida das pessoas.
A partir desse modelo educacional, e graças à parceria entre a Fundação Fernando Eduardo Lee e Instituto Nova Maré, minha pesquisa tornou-se realidade. O projeto Mundo Sustentável atualmente possibilita o contato do público com a Ilha em visitas educacionais e turismo ecológico, convidando as pessoas a aprenderem conceitos como sustentabilidade, gestão de resíduos sólidos e educação ambiental. Tudo isso está presente no livro “Ilha dos Arvoredos – Paraíso da Sustentabilidade”, que lancei no início do ano.
Nossa maior esperança é que cada vez mais pessoas do nosso País e de outras nacionalidades conheçam a Ilha, participem do Projeto Mundo Sustentável, e sintam a energia que está presente em cada rocha, em cada folha das árvores, em cada brisa do mar. E assim poderemos completar nossa missão de Pesquisa em Benefício da Humanidade, pensando nas futuras gerações.
Priscilla Bonini Ribeiro é educadora, doutora em Tecnologia Ambiental, mestre em Educação, diretora-geral da Unaerp Campus Guarujá e pesquisadora da Fundação Fernando Eduardo Lee.
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